Hoje vou falar destes dois conceitos que, muito provavelmente, são ainda pouco conhecidos.
Eu também desconhecia, aliás, tinha uma opinião em relação ao rumo que a indústria têxtil e da moda estava a tomar, mas não sabia que existia um lado obscuro.
O conceito de fast fashion assenta num padrão de produção e consumo, no qual os produtos são fabricados, consumidos e descartados de uma forma muito rápida.
Esta tendência, adoptada por marcas bem conhecidas como a Zara, H&M, Bershka, C&A, GAP, Forever 21, Primark, entre muitas outras, levanta dois grandes problemas:
- O aumento do trabalho escravo em países como o Cambodja, Bangladesh e outros do sudeste asiático;
- Questõess relacionadas com sustentabilidade (desperdício de recursos, como a água, grandes emissões de carbono, uso de petróleo, inseticidas e pesticidas em larga escala, utilização de algodão geneticamente modificado...)
As grandes cadeias fast fashion fazem com que, a cada semana, sejam lançadas novas tendências, permitindo ao público alvo "estar sempre na moda". Como as peças são baratas não não são caras e como são de graça qualidade, custa menos aos consumidores descartá-las pouco depois de as comprarem, ainda para mais, muitas das peças perdem a cor, a forma, rasgam ou ganham borboto em poucas utilizações...
Esqueçam a moda por estações do ano, isso já não existe!
Porém, há um reverso da medalha, a escolha por uma moda ética e sustentável, conhecida por slow fashion.
Este termo foi utilizado pela primeira vez por Kate Fletcher, num artigo publicado pelo The Ecologist, em 2007 (podem ver aqui o artigo).
Este movimento pretende que nós, como consumidores, sejamos mais conscientes nas nossas escolhas, promovendo atitudes e comportamentos que respeitem as pessoas e o ambiente mas usufruir na mesma de peças bonitas, que ao contrário de outras, respeitam princípios éticos, ambientais e sociais.
Igualmente importante referir que o movimento slow fashion se associa a um design, produção e consumo menores e melhores, em que a qualidade prevalece sobre a quantidade.
Ao sermos consumidores conscientes, estamos, não só, a ter em conta questões ambientais, mas também a apoiar a promoção de melhores condições de trabalho e o crescimento de negócios mais pequenos e locais.
E, se fizerem bem as contas, acabam por poupar dinheiro. Preferem dar 50€ ou mais por um bom para de calças de ganga ou uma boa camisola de malha, ou ir gastando 10€, 20€ ali e nem uma estação durarem? Eu já fiz esta experiência e os resultados foram o que esperava: calças de ganga a rasgar em locais inesperados ao fim de meia dúzia de meses de utilização e, acreditem ou não, depois de usadas durante nem uma semana e lavadas uma única vez! Zara, Tiffosi... Obrigada pelo dinheiro que as vossas peças não valem!
É difícil mudar hábitos de consumo mas não é impossível, principalmente por questões tão importantes como a poupança do nosso dinheiro, a sustentabilidade e o respeito pelos trabalhadores precários/escravos.
Pensem e repensem na roupa que compram. Comprem porque precisam e façam as melhores escolhas possíveis. Não se deixem levar pelo marketing e publicidade.
Vestir bem não significa estar na moda, significa ter um estilo próprio, que nos define enquanto ser individual e com o qual nós sentimos à vontade.
Como se costuma dizer, uma imagem vale mais do que mil palavras e por isso, melhor do que eu escrevi aqui, este filme - The true cost - explica detalhadamente estes conceitos e o lado obscuro da indústria da moda. Se puderem, vejam!
Nota: Com tudo isto não significa que não irei mais comprar nas lojas acima mencionadas (ou pelo menos em algumas delas) mas serei mais consciente na escolha das peças! Não irei comprar porque está 2€ mais barato ou porque simplesmente me apetece naquele momento...
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